quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Admirável desenho animado
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
A modelo
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O muro ou a liberdade televisionada
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Borracha
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Concursandos...
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Medo Líquido
Com um olho aqui e outro lá atrás, sem cometer anacronismos (certo Bloch?), penso nas imenssas pandemias, epidemias e gato-mias que o bicho humano passou. A peste negra, divertidamente pintada por Monicelli em O incrível exército de Brancaleone, foi a mais conhecida, e duradoura, das epidemias da história, mas não a única: só a Varíola, importada pelos colonizadores espanhóis, matou uma renca no México. Outra gripe, a espanhola, dizimou 20 milhões no início do século XX. Os pequenos invasores, numa perspectiva bem BBC, são aos trilhões e, que nos acuda, não tem dó e nem piedade.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Getúlio me disse...
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Teimoso que nem César
Por outro lado, quando converso com meus amigos sobre características astrológicas-metafísicas (direto e reto: signo), martela-me na cachola o que poderia ser eu nessa imensidão de humores.
Foi aí que descobri Gaius Julius Caesar, o imperador, mais conhecido por Júlio César, ou só César mesmo. Governante que rachava seu poder com um triunvirato, viveu e teimou no 100 a.C. com uma maestria tamanha. Só para se ter uma idéia, ele tinha um discurso marcado no senado no dia 15 de março de 44 a.C., pois no dia segunte, iria conduzir suas tropas para uma batalha de conquista. Os conspiradores, segundo a já conhecida história de Plutarco, tinham que decidir logo o cerco contra César, pois com uma banca de soldados ao seu redor, seria osso matar o dito-cujo. É aqui que começa a teimosia:
* Um adivinho lhe disse para não ir no senado aquele dia, cabeça-dura como ele, foi;
* Sua esposa, Cornélia Cinnila, falou para ele não colar no senado, pois tivera sonhos premonitórios horríveis, mas mesmo assim, ele foi;
* César sentiu-se mal no dia 15 de março, mas teve a brilhante ideia de que "se saísse de casa iria sentir-se melhor". Foi ao Senatus;
Por essas e outras, logo pensei: poxa, sempre falam que os taurinos são teimosos como uma mula, e César? Ele não. César era canceriano, nasceu no 13 de julho. Nessa lembrei de todas as conversas astrológicas-metafísicas com os companheiros de balela: leoninos, piscianos, taurinos, cancerianos, geminianos, capricornianos, escorpianos, virginianos, aquarianos... todos! Essa algazarra de gente com suas características particulares e coletivas.
É. O bicho humano é um troço complicado. Mas pelo menos aprendi com a história de Gaius uma lição e, como "moral da história", se existisse, tive até uma ideia de um ditado novo: teimoso que nem César.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Diálogos com Adorno
"Vai! Toma de assalto a minha grana. Não ligo não. Afinal de contas, preciso consumir. Não é sustentável? Que porra é essa? O quê sustenta o quê? A livre taxa do câmbio? O dólar?" O Adorno tá puto da vida com esse lance de consumo. Disse tudo isso depois de pagar a conta do bar. Bêbado, me questionou:
- Pra onde vai toda essa merda?
- Que merda... - Concordei acenando com a cabeça.
- 3 x merda! - Dizendo isso com um gesto que só os mortos tem.
Convidei-o para ver o filme do Padilha. Negou. 3 x negou. Falou que Jazz, Cinema e Rádio virou a mesma merda padronizada. Ficou horrorizado, notei, mas fingi que não se passava nada. Para quebrar o gelo sugeri para passar em casa para tomar um vinho. Atônito fiquei com sua resposta:
- É francês?
- Não, é de São Marcos...
- Não quero!
Percebi que o clima estava pesando. Resolvi animá-lo:
- Comprei um livro seu: "O iluminismo como mistificação"...
- Peraí! - Interrompeu como se eu tivesse dito besteira - Você ainda está lendo isso? Fala sério!
- Ué? Porquê?
- Escrevi esse livro em um momento ruim. Sabe aqueles dias que o busão atrasa? Tá chovendo e um filho de uma égua passa de carro na toda e joga água em você? Então: cheguei em casa e botei todos os diabos pra fora.
- Nossa!
- É meu caro, escrever tem dessas coisas...
- Imagino como você estava se sentindo...
- Bom, agora as coisas ficaram mais fáceis: enquanto fico no túmulo, tem uma renca de universitários babando pelo o quê escrevi. Rá, rá! Mal sabem eles que não dou a mínima pra tudo isso.
- Pra tudo o quê? - Interroguei-o.
- Pra toda essa bosta que é o mundo.
- Cara, acho que você precisa fazer terapia...
domingo, 26 de julho de 2009
Simon´s Cat
Só para constar: esse gato é foda.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
O velho tocador de pífano - Capítulo 4
Diz o velho que rixa arrumada é rixa feita. Se um tem que morrer, morre e Deus tem piedade dele só depois do purgatório. Dentre tantas desavenças, as de família são as mais sanguinárias. Uma forma de resolver a questão era a briga de foice: as partes em conflito amaravam uma camisa na outra e, munidos de foices, facas, peixeiras ou o que estiver ao alcance, se esfolavam até um ou outro cair no chão. Furar o bucho era o objetivo da briga. Essa contenda era motivo de muita falação nos arredores de Pau-D`Alho. Outra rixa muito comum nessas terras era o orgulho ferido de uma família: tias, avós, sobrinhos e irmãos se pegavam no tapa e não tinha filho de Deus que desgrudava os brigões. Numa dessas, a Tia para se vingar do irmão que tomou suas terras, mandou o filho ir matar o tio. Mas a mulher era tão coração de pedra que, não contente, mandou que o sobrinho trouxesse a orelha do irmão como prova de sua morte. Dito e feito: dia seguinte, o sobrinho traz a orelha decepada. Tia, sem titubear, como num ritual antropofágico, come a orelha do irmão com farinha.
O velho tocador de pífano - Capítulo 3
Certa vez, quando saia de um dos forrós abestalhados que só o nordeste têm, o velho caminhava pelas ruas de Caruaru à procura de um canto para passar a noite. Ao chegar perto de um cemitério, encontrou um bebê chorando. Comovido, o velho foi em seu auxílio, poderia ser uma mãe desnaturada que largou o filho para o diabo comer. Quando ele descobre o rosto da criança, envolto por uma manta de chita, o velho escuta alguém vindo em sua direção. Pegou a criança no colo e foi em direção ao transeunte em busca de ajuda. Ao se aproximar do viajante da noite, percebe o erro que cometera: era o tinhoso em pessoa! Para despistá-lo, segundo a anedota, colocou o bebê dentro da blusa, e fingiu ser uma grávida. O coisa-ruim, sedento por um rebento chorão, nem percebeu o movimento e foi logo perguntando:
- Ei matuto! Tu viu um rebento choramingando por aqui?
- Vi não seu moço, eu tô só de passagem...
- Ué? Mai eu tinha certeza que tinha visto o filho-de-rapariga esgoelando por cá... Têm certeza?
- Tenho sim sinhô. Eu num vi nada...
O muleque, que incomodado com o aperto da barriga e da camisa, começou a chorar. Num instante, o cabrobó percebeu a audácia do matuto. Sacou seu espeto e ameaçou furar o velho. Em um pulo só o velho deu no pé e sai em disparada em direção ao portão do cemitério. Quanto mais corria, parecia estar mais perto do diabo. Pulou pra dentro do muro do cemitério e ficou caladinho escondido atrás de uma tumba. O diabo, insistente, rodeou, rodeou e rodeou o sepulcro procurando o velho-grávido. Em um instante, com a ajuda de todos os santos, virou pedra. Esperou, esperou (se desse um espirro, a ilusão poderia denunciá-lo) até o tinhoso desistir de sua procura. Cansado de esperar, coisa-ruim foi buscar sua presa em alguma maternidade por aí. Ao sair de sua petrificação, o velho não entendia porque o bebê se transformara em um gato, que miava baixinho como se quisesse lhe agradecer por algo.
O velho tocador de pífano - Capítulo 2
Se a velha era marrenta, o velho não ficava atrás: só comia se a velha colocasse comida no prato. Poderia passar horas a fio esperando um bocado de atenção. Sim, viviam numa contenda que só nordestino entende. Brigavam, chamegavam, odiavam, amavam e enlouqueciam, tudo isso ao mesmo tempo. Penso que a pós-moderna “D.R.” não era coisa que se fazia nos tempos do velho. Cada um batia seu prego, cada qual em seu canto. Se um titubeasse com o outro, toma lá paulada, eita agonia da cebola!
terça-feira, 21 de julho de 2009
O velho tocador de pífano - Capítulo 1
“Quando cheguei para pegar a faca, a raposa já tinha levado ela na goela”. Com essa frase o velho começava uma anedota. Vendedor de cachaça, tocador de pífano, contador de histórias e mentiroso. Isso mesmo: mentiroso! É assim que a mãe se referia ao velho. Hoje, com um olhar mais distante (e bota distante nisso!) consigo ter uma imagem mais clara: o matuto era uma figura digna de cordel. Aliás, digníssimo! O homem só não assoviava e chupava cana ao mesmo tempo. Diríamos que era um visionário, “um homem à frente de seu tempo”. E isso não por causa das estórias, não. Era muito mais: cada história, cada causo, cada relato, por mais fruto de sua imaginação que fosse, era uma parte, mesmo que pequena, dessa belíssima cultura popular (ainda não entendi por que a academia chama de “cultura subalterna”...).
E tocava pífano que era uma beleza! Os matutos, ao redor do botequim, ficavam igual urubu em cima da carniça pedindo para o velho tocar “aquela da galinha dismiuçada”, “do calango de uma perna só”. E quanto mais música, mais cachaça virando no copo, mais contos de réis em sua caixinha. Entre uma música, uma balela e outra, desce mais cachaça, mais alegria e menos lembranças da vida-cão que levavam. Era como uma troca: cachaça por estórias, cachaça por música. Um serviço de primeira, comparado aos “barzinhos” que a Vila Madalena nunca terá.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Procura-se Raposito
terça-feira, 14 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Telemarketing
- Alô! Por gentileza o Sr. Vandre?
- Sim, pois não... - logo reconheço a voz polida do vendedor do outro lado da linha.
- Sr. Vandre, eu sou o Gustavo Barroso do programa + do banco Itaux e gostaria de lhe estar fazendo uma proposta para o Sr. desfrutar das vantagens do uso do seu cartão múltiplo, eu poderia estar tendo um minuto de sua atenção Sr. Vandre?
- Tá, ok, mas não é Vandre, é Vandré... com acento agudo no "e".
- Pois então Sr. Vandre...
- Vandré!
- Como eu dizia Sr. Vandre, o programa de relacionamento do cartão + poderá estar lhe proporcionando uma gama de possibilidades nos seus gastos diários, como supermercado, drogarias, bares e restaurantes, e no caso do Sr. viajar para o exterior, o Sr. estará utlizando seu cartão na maior parte dos países da América do Sul, Estados Unidos e Europa...
As informações eram tantas que eu não conseguia pensar em nada. Pensava na cerveja gelada, na saga de uma sexta comemorativa. O vendedor continuava sua ladainha, parei para atravessar a rua, foi então que peguei novamente o fio da meada de Gustavo no telefone:
- ... e com o cartão + o Sr. poderá estar pagando suas contas de água, luz, telefone e internet diretamente na fatura de seu cartão. O Sr. tem alguma dúvida Sr. Vandre?
-Olha Gustavo, não tenho dúvida não. Mas infelizmente não estou interessado porque eu prefiro não utilizar cartão de crédito. Acho que é uma viagem sem volta.
- Mas Sr. Vandre, este cartão está livre de anuidades até janeiro do ano que vem. E após essa data, estará sendo cobrada uma tava de R$ 25,90 pela anuidade, que poderá ser dividida em 6 vezes com juros de 1,45 % ao mês. O Sr. não está interessado, Sr. Vandre?
- Então, não uso cartão de crédito, como eu falei...
- Sr. Vandre, para fazer o cartão, basta eu confirmar rapidamente alguns dados pessoais e dentro de 5 minutos o Sr. já poderá estar se dirigindo à qualquer um dos 300 mil estabelecimentos onde sua bandeira aceita o cartão +... - Não suportei, interrompi sua ladainha:
- Não! Olha meu caro, não quero e não pretendo ter. Obrigado por ter ligado, mas não estou a fim de nenhum cartão "a+"...
- Ok, Sr. Vandre... Então futuramente eu poderia estar ligando para o Sr. para discutirmos as vantagens do cartão + para o Sr., Sr. Vandre?
- A tá, beleza, beleza... - foi a maneira mais rápida que achei para dispensar meu interlocutor.
- Ok Sr. Vandre, retornarei essa ligação em breve, tenha uma boa noite.
- Boa noite pra ti também.
Desliguei o telefone, estava com o ouvido quente do celular. Quando me dei por conta, já haviamos chegado ao boteco. A noite foi divertida, um, dois, três copos de vodca com gelo e mais alguns copos de cerveja. O dia seguinte seria dor de cabeça na certa. Mas a gente nunca pensa nisso quando está bebendo.
No sábado pela manhã, acordo com a musiquinha do celular. Levanto, caço o bicho por debaixo da cama, quando avisto o número terminado em zero zero - todos centros de atendimento "ativo" ao cliente, no linguajar do telemarketing, termina com zero zero. Desligo a maldita campainha do telefone e penso: "puts, é o Gustavo Barroso..."
quinta-feira, 9 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
7 dicas para sobreviver em um ônibus lotado
- Ao entrar, dê um jeito de ir o mais próximo possível da porta. No entanto, não faça o papel do "folgado da porta": aquele doido que sempre quer ficar dependurado nos degraus, mesmo com o ônibus vazio;
- Quando ver que não há lugar para por o pé, lembresse dos tempos de menino, quando os colegas pisavam sem dó o tênis novo do amigo. Isso se chamava "estrear". Ajuda muito para abrir caminho na imensidão de bundas, pernas e pés;
- Uma distração a mais é abrir um livro, ou, melhor ainda, um jornal: sempre haverá um parceiro-leitor disposto a ceder espaço à página A3 em troca de uma notícia sobre o timão, ou mesmo para ler a capa, já que todos querem ficar informados;
- Pedir licença sempre é o melhor recurso. Muitas vezes a pessoa tá puta da vida porque você quer passar, mas um "com licença" auxilia a dechavar a raiva que ele sente por você. Encoxe, aperte, acotovele, mas sempre seja educado;
- Se houver alguma situação em que você precise se defender, utilize o famoso "o ônibus está fazendo a curva", ou mesmo, faça aquela cara feia de que não tá gostando muito do motorista e a culpa é toda dele pela lombada não avistada. Converse com desconhecidos, eles terão a mesma idéia sobre a projenitora do condutor;
- Caso haver um engraçadinho com um mp2000 - sei lá, a cada dia há tantos novos - com o som alto e sem a menor noção da existência dos fones de ouvido, começe a cantar desafinadamente a música que o indivíduo está forçando o coletivo escutar - por isso colocou em volume tão desgraçadamente alto - com certeza ele irá desligar.
- Sempre haverá duas ou mais pessoas que conversam pra caralho como se estivessem na cozinha de casa. Esses indivíduos acham que, como o moleque do mp2520, todos deverão estar a par do assunto do trabalho, da chefe filha-de-uma-puta, do esposo folgado e bebum, da cunhada assanhada etc etc etc. Nesse caso, você poderá optar por duas atitudes: comece a dar risada sozinho, fingindo achar graça no assunto delas, mas olhando de vez em quando para os interlocutores anônimos; ou, mais sarcasticamente, entre na conversa! Dê um exemplo que como o seu patrão é mais filho-de-uma-égua, que sua cunhada é mais vaca do que todas juntas, de que sua conta de luz à meses que não é paga, que seu gato é caolho e seu cachorro tem hanseniáse. Se isso não resolver, comece a bater a cabeça na parede pedindo que "as vozes cessem de falar!".
terça-feira, 30 de junho de 2009
Agora vai!
Outro dia, lendo um blog de um camarada, pensei: "nossa, podemos nos comunicar ab infinitum!". A coisa ficou tão "internética" que quando o servidor cai ou o speedy te deixa a ver navios, as pessoas começam a entrar em pânico com medo de não ver o último e-mail ainda não enviado. Outra vez, com a morte de Michael, li uma notícia um tanto curiosa: "Michael Jackson morreu primeiro no Tweeter". Porra! A coisa tá tão interconectada que nem o criador do moonwalker escapou da conectividade da vida, ou no caso dele, da morte.
Mas ainda falta algo a dizer: como tudo na vida, na internet tem muito lixo. E é de assustar a quantidade de baboseiras que gente, criando vídeos ou blogs, tem a pachorra de publicar (esse blog, por exemplo, pode ser uma enorme farsa, tanto linguística quanto poeticamente falando). É muito fácil encontrar uma renca de vídeos que anônimos aspirantes à estrela colocam na rede. Esse é o lado perverso da internet: a doce ilusão de que no mundo virtual, tudo pode pra quem tudo quer. Por isso gosto da propaganda que dizia "a liberdade é uma calça azul desbotada".
É isso.