quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Chichinha - a malinha

Chichinha era uma menina muito malinha. Vivia a meter o bedelho na vida alheia, tanto que, aos sete anos, contava fantásticas histórias do dia-a-dia dos vizinhos:

- A mulher do carteiro tá ficando com o cunhado da Marlene!
- Fala sério Chichinha, como é que tu sabe?
- Sei porque sei.

A pequena pochete foi crescendo, cada vez mais ligeira em sua missão. Missão, pois era assim que ela encarava a vida: alertar ao mundo seus princípios e filosofia de vida, onde ela criava uma atmosfera um tanto com a sua cara. Tais comportamentos eram mal compreendidos pelos seus amigos, fazendo com que Chichinha fosse alvo de inúmeras críticas. Ela não entendia porque os amiguinhos do pré choravam sem parar quando ela abria a boca. Deve ter aprendido a falar com quatro ou seis meses.
Era um caso sério. Sua habilidade em curiar o que não lhe dizia respeito aumentava conforme envelhecia, da adolescência à idade adulta, torturou, em suas palavras, "abriu o olho" - de centenas de pessoas: não há, da 5º série ao pós-doc, quem não há de se lembrar da famigerada Chichinha, a malinha. Procure em sua memória, você certamente lembrará da dita-cuja: aquela pessoa, sim, ela! que não só não escuta, mas fala, disputando um cinturão com o homem-da-cobra. Certa vez, cansado de meu ouvido-pinico que não me deixava dormir, arrisquei um milenar provérbio chinês:

- Chichinha, foda-se.

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