sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dá só uma espiadinha...

O endemolizado globalmente conhecido "BBB" estreou esse ano sua 10º edição e muita coisa permanece a mesma: anônimos numa verborragia discursa da oportunidade em estar na TV, onde mais anônimos, o povo, - categoria que muitas vezes aparece como "Brasil" - decide em uma berlinda quem fica e quem sai do cenário.
Do mesmo modo, permanece, e isso poderiamos chamar de "essência" do programa, o bate-cabeça dos participantes que se degladiam na luta por um milhão e tantos de contos-de-réis ou, na pior das hipóteses, descolar algum trocado com uma fama que se esvaece num piscar de olhos.
Curiosamente, os jogadores se esquecem que estão confinados, talvez isso seria uma espécie de "psicopatologia do confinamento" e, é justamente aí, que os instintos humanos, ou animais, começam a entrar em ação: brigas por coisas miúdas como a escolha de um prato ou o "jeito" que cicrano te olhou no dia da maldita prova do líder!
Ratinhos na Caixa de Skinner: torturas televisionadas, se tiver play-per-view o lance é 24 horas, por uma coisa chamada "imunidade", "liderança" ou "que-porra-é-essa". E tá lá todo mundo com "um sonho" de ganhar a bolada, cada qual ajustando alianças, comprando briga ou simplesmente mostrando o quem realmente são. Ontem, por exemplo, uma loira pedia com olhos marejados sua pernanência na casa porque ela "não tinha ganhado nem um carro ainda". Gestos valem mais do que mil palavras.
Por outro lado, esquecemos de sair um pouco da crítica para observar num programa televisivo como este que num mar de cortes, closes e edições, o bicho humano é um troço bonito de se ver: contraditório, explosivo, filho-da-puta e sincero.
Eu ainda não consigo compreender os intelectuais e a Academia que viram as costas para um fenômeno televisivo como esse (vários milhões de votos no "paredões"). É, queira ou não queira, uma espécie de alto-de-justiça-popular onde os telespectadores afirmam, através do voto, determinado comportamento que a maioria aprova, claro, desconsiderando a tendenciosidade empreendida pela produção televisa, o modo como, através da reiteração, justaposição e foco de determinado contexto-personagem, evidencia uns e subtrai outros, mas "quem decide quem sai ou fica na casa, é você". E não é? Eu é que não duvido, se não, se eu tiver que dar um alô lá no purgatório, vou me deparar com o Biela declarando durante mil anos suas poesias de esgoto. Crê em deus padre!

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